Os fogos distantes são
o único sinal de realidade.
Guardar uma lembrança é compreender
que, enquanto o tempo passa, muda a voz
e a voz se sustenta ainda no ar, em seu canto
comum e passageiro, despreocupado, profundo,
como um pássaro que se agarra às grades.
A janela aberta no verão
diz tantas coisas que o ar
hoje não pode ser respirado.
Aberta, a estas horas da noite,
como um planeta que derrama sua órbita.